sexta-feira, 2 de outubro de 2009

Citado por Ivanilde, Ferrari também deve ser indiciado







A situação do secretariado municipal se agravou um pouco mais ontem, quando o delegado Wilson Negrão, do Grupo Anti-Sequestro da Polícia Civil de Sorocaba, confirmou que a empresária Ivanilde Vieira Serebrenic citou nos depoimentos que vem dando o nome do secretário municipal de Desenvolvimento Econômico, José Dias Batista Ferrari. Ele já havia revelado o nome do secretário de Governo e Planejamento, Maurício Biazotto Corte, como um dos envolvidos no esquema de cobrança de propinas para agilizar a liberação de licenças para o funcionamento de postos de combustíveis na cidade. Ferrari estava fora da cidade até o início da noite desta quarta-feira, mas o prefeito Vitor Lippi (PSDB), que teria se encarregado de comunicá-lo por telefone a citação de seu nome, afirmou ontem na entrevista coletiva mensal que dá aos órgãos de imprensa escrita, esperar que, a exemplo de Biazotto, ele peça afastamento do cargo até o encerramento das investigações. A empresária de 41 anos, ex-presidente do Sincopetro (Sindicato do Comércio Varejista de Derivados de Petróleo do Estado de São Paulo), que foi presa na segunda-feira num shopping de São Paulo, foi liberada no início da noite de ontem após três dias de depoimentos beneficiada por um alvará de soltura por ter colaborado nas investigações (veja boxe ao lado).

“Queremos que qualquer dúvida que envolva o trabalho da Prefeitura seja esclarecida”, disse Lippi, mais magro e visivelmente abatido. “Ele (Ferrari) mesmo vai se pronunciar entre hoje e amanhã (ontem e hoje) e deverá tomar o mesmo encaminhamento do Biazotto, solicitando licença ou afastamento”, limitou-se a dizer sobre o possível envolvimento de mais um de seus secretários no esquema de corrupção.

Durante a entrevista, Lippi também disse ter “se encontrado profissionalmente” com Ivanilde Vieira em três oportunidades. Em todos os encontros, afirmou, os temas das conversas foram a carreira política, já que Ivanilde era a presidente do PSC (Partido Social Cristão) na cidade – ela teria pretensões de se candidatar ao Senado Federal. Sobre a citação do nome de Biazzoto pela empresária, confirmou que ele e Ivanilde já tiveram “desentendimento pessoal” por causa da atual mulher do secretário. “Ele dizia que a Ivanilde não gostava dele. O desentendimento começou quando a esposa dele saiu do serviço onde trabalhava (seria assessora) com a empresária”, relatou. Afirmou também não existir prazo para sua possível volta ou não à Secretaria de Governo e Planejamento. “Ainda é cedo para falar sobre exoneração”, afirmou.


Secretariado problemático

Durante todo o primeiro mandato de Lippi, entre 2004 e 2008, onze secretários deixaram o governo. Sobre a saída agora de sete secretários em apenas nove meses de seu segundo mandato, falou em “coincidência”. Destes, além de Biazotto, quatro saíram por denúncias quanto a suas atuações nos cargos: Daniel de Jesus Leite deixou a Secretaria de Desenvolvimento Econômico, que agora é ocupada por Ferrari, sob a acusação de ter favorecido com isenção de impostos uma empresa de sua família; Ricardo Barbará, ex-prefeito da cidade de Itapetininga, que nem esquentou a cadeira da Secretaria de Habitação e Urbanismo, pediu para sair após ser acusado formalmente de fraude em licitação pública à frente da prefeitura de Itapetininga; coronel Abreu de Vasconcellos Neto, que não conseguiu se firmar na Secretaria de Segurança Comunitária após denúncias de abuso de poder; e Januário Renna, o mais grave, que saiu da Secretaria de Administração direto para cadeia acusado por pedofilia a atentado violento ao pudor ao ser flagrado em um motel em Itu na companhia de garotas menores de idade.

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