quinta-feira, 1 de outubro de 2009

Corrupção no alto escalão do Paço






















Jornal Cruzeiro do Sul, na página 6 do caderno A







Biazotto é afastado; outros dois da Prefeitura estariam no esquema






Assim que soube que também estava sendo investigado pelo Setor de Inteligência da Polícia Civil (SIP), o secretário de Governo e Planejamento (SGP), Maurício Biazotto Corte, pediu afastamento do cargo. Segundo a Secretaria de Comunicação (Secom), foi o próprio servidor quem fez a solicitação ao prefeito Vitor Lippi (PSDB). O vice-prefeito, José Ailton Ribeiro, assumiu a Pasta, interinamente. “Biazotto disse ser grande sua surpresa com esta absurda denúncia e solicitou o seu imediato afastamento do cargo até que tudo seja devidamente apurado”, diz a nota da Secom. A SIP investiga outros dois funcionários “de alto escalão”, que também estariam envolvidos no mesmo esquema da empresária Ivanilde Vieira, também presidente do diretório municipal do Partido Social Cristão (PSC).
Desde que o nome de Biazotto foi citado no meio policial, a reportagem do Cruzeiro do Sul tentou localizá-lo, sem sucesso, tanto pelo telefone residencial quanto pelo celular. Na Prefeitura, ninguém quis informar o seu paradeiro, o mesmo acontecendo no condomínio em que reside. O vice-prefeito, que assumiu interinamente a Pasta, foi procurado para se manifestar a respeito do assunto, mas também não foi localizado.
“Pura maquiagem”
O presidente do Partido dos Trabalhadores (PT), Paulo Henrique Soranz, distribuiu nota à imprensa, dizendo que o “governo Vitor Lippi perdeu completamente o sentido de certo ou errado, do público e do privado, do moral e do imoral”. Lembrou do caso envolvendo o pastor Daniel de Jesus Leite, ex-secretário de Desenvolvimento Econômico (Sede), que “isentou de impostos a empresa pertencente ao próprio pai”, e o caso dos Toyotas Corollas, “comprados a preço de custo direto da montadora”, além da prisão do ex-secretário de Administração (Sead), Januário Renna, preso em flagrante com três adolescentes em um motel de Itu.
Soranz ataca as questões “ética e moral” do governo Lippi. “A gestão, as relações, os valores, os princípios, enfim, há muita coisa que difere o modelo de administração pública do adotado na iniciativa privada. Por exemplo: na iniciativa privada, um pai que encoraja o filho a assumir parte no comando de sua empresa, está preocupado com seu patrimônio e com o futuro de sua família. Na área pública, isso é nepotismo e é proibido. Em suma, a administração privada se preocupa em produzir o máximo, com o mínimo de investimento, de forma a buscar eficiência em torno dos lucros e da produtividade. Na gestão pública, economia e bom uso dos recursos também é importante, mas não é só. Nessa área também é preciso que se tenha respeito aos princípios constitucionais da administração. Tais como a moralidade, a publicidade dos atos e a atenção ao interesse público. E é justamente aí que os governos do PSDB em Sorocaba vem pecando. Implantaram um modelo absolutamente gerencial na cidade, que passou a ser administrada como se empresa fosse”.
Para o presidente do PT, “como o orçamento de Sorocaba cresceu demais nos últimos anos, a impressão passada foi a de um momento de importante desenvolvimento. Porém, quando a poeira baixou, pode-se perceber que tal modelo não produziu muita coisa além de pura maquiagem. Demorou, mas a cidade começou a sentir os efeitos disso. O primeiro sinal veio com o sentimento de paralisação, percebido neste ano, quando as finanças emagreceram um pouquinho e o governo municipal não teve condições de tocar sequer uma obra. O segundo, e mais violento, é a percepção de que o governo Vitor Lippi perdeu completamente o sentido de certo ou errado, do público e do privado, do moral e do imoral. Reuniu-se um grupo de administradores da escola privada, que transferiu seus conhecimentos para a área pública. Simples assim”.
“Casado com a assessora”
Soranz aponta as “fraquezas” do governo Lippi noticiadas pela mídia local. “Aí se descobre que um secretário resolveu isentar de impostos empresa de seu pai, outro comprou carro a preço de custo direto da montadora, outro se acha acima do bem e do mal e resolve fazer festinhas em motel com adolescentes, e por aí vai. A prisão da empresária Ivanilde Vieira teria pouca, ou nenhuma, importância para o prefeito se as relações estabelecidas entre eles fossem meramente pessoais. Mas não o são. O secretário de Governo Maurício Biazotto é casado com a assessora de Ivanilde. Só isso? Não. Ele também foi citado durante as investigações do caso e há suspeitas de que a empresária gozava de muita “influência” na Prefeitura para liberar licenças de funcionamento para novos postos de combustível. Pra bom entendedor, meia palavra basta. E no caso do governo Lippi, muitas já foram ditas”.
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